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Leonardo Torres é jornalista cultural e mestre em Artes da Cena. Está de olho na cena teatral carioca desde 2014.

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Bruce Gomlevsky apresenta solo sobre torturas na ditadura: “um alerta”

04/10/2018 Leonardo Torres Plantão

(Foto: Dalton Valério)

Depois de cantar bastante “Que País É Esse?” na turnê do musical “Renato Russo”, o ator e diretor Bruce Gomlevsky está com uma peça que responde parcialmente a pergunta feita pelo líder da Legião Urbana. Seu novo trabalho se chama “Memórias do Esquecimento”, em cartaz no Teatro Poeirinha, em Botafogo, e trata das torturas que deram a cara da ditadura após o golpe militar de 1964 no Brasil. Levar esse texto aos palcos, neste mês de eleição presidencial, não é obra do acaso. “É muito importante, sobretudo pelo cenário que a gente tem de extremismo, de fundamentalismo, de radicalismo”, o artista diz o Teatro em Cena, “tem muita gente que não conhece a história do Brasil e fica pedindo a volta de momentos nefastos. Esse monólogo serve como um aviso também, um alerta. Só pode estar defendendo a volta da ditadura quem não viveu isso, quem não sabe o que significa isso profundamente. É importante falar disso quando tem esse cheiro forte de fascismo no ar”.

O espetáculo é baseado no livro homônimo, que deu o Prêmio Jabuti ao jornalista Flavio Tavares. É um relato autobiográfico sobre as sessões de tortura que ele sofreu entre 1964 e 1969. Tavares foi um dos presos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado em 1969. Exilado, ele também foi sequestrado e torturado pela repressão uruguaia em 1977, ficando quase 30 dias desaparecido e mais seis meses preso. Bruce Gomlevsky conheceu seu livro há cerca de dez anos e, desde então, nutre o desejo de transformá-lo em um solo teatral.

(Foto: Dalton Valério)

– Fiquei com isso guardado na cabeça e, agora, comemorando 25 anos de carreira, estava procurando um projeto que pudesse fazer em um ano complicado, que não tem patrocínio, não tem edital, que tem um desmonte… Percebi que contar essa história seria imprescindível neste momento de cheiro de fascismo no ar. Eu não conhecia o Flavio Tavares, mandei um e-mail e ele recebeu a ideia de cara de uma maneira muito calorosa. Adorou a ideia de transformar o livro em um monólogo. – conta o ator, que também está em cartaz como diretor em “Um Tartufo”, no mesmo teatro, celebrando os dez anos de sua Cia. Teatro Esplendor.

“Memórias do Esquecimento” é o terceiro monólogo de Bruce e está em cartaz de terça a domingo, algo raríssimo na cena teatral contemporânea. Foi uma proposta dele à gestão do teatro: emendar os horários alternativos e nobres da programação. Ele só tira folga às segundas-feiras. “É um ato de resistência”. No domingo, 7, inclusive, a sessão está confirmada – vença quem vencer nas urnas. “Estou super amedrontado, desesperançoso. Acho o cenário desolador, mesmo. Temo pelo estado democrático de direito, a liberdade de imprensa, de expressão, artística, a luta contra qualquer tipo de preconceito”, diz o ator, “monólogo às vezes é uma maneira de viabilizar estar em cena e falar o que quero falar, o que preciso falar. É um veículo para tocar nesses assuntos de uma maneira viável”.

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SERVIÇO: ter, 21h; qua a sáb, 19h; dom, 17h. R$ 50 (ter a qui) e R$ 60 (sex a dom). 90 min. Até 31 de outubro. Teatro Poeirinha – Rua São João Batista, 104 – Botafogo. Tel: 2537-8053.

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