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Leonardo Torres é jornalista cultural e mestre em Artes da Cena. Está de olho na cena teatral carioca desde 2014.

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Crítica: Adubo

27/10/2017 Leonardo Torres Crítica

Conhecido por trabalhos populares, sobretudo musicais, o ator Vinicius Teixeira (de “Gabriela, um Musical” e “The Book of Mormon”) está em cartaz com um espetáculo autoral, experimental e intimista. “Adubo”, seu primeiro monólogo, trata da morte. Marcado por fragmentos e personagens densos, o solo é resultado da escrita do ator em parceria com Caio Riscado, Juliana Linhares e Tomás Braúne, com direção da cantora Juliana Linhares (da banda Pietá), não exatamente o primeiro nome que se pensa para assumir uma encenação teatral.

(Foto: Gabi Castro)

Em cena, Vinícius dá conta dos diferentes papéis com modulações na voz e um trabalho corporal bem desenvolvido – resultado da direção de movimento da atriz e contorcionista Natasha Jasvalevich. Os personagens verbalizam sobre vida e morte, com poucas obviedades, algumas bandeiras camufladas e muitos buracos para a plateia completar. Apresentada em fragmentos, a peça convida o público a linkar os pontos e ampliar o olhar. É um mérito a confiança na inteligência da plateia – ainda que não seja um espetáculo facilmente digerível. Como a morte tampouco é.

“Adubo” traz muitos dispositivos de reforço de presença. No palco, o ator sua, se molha, suja a si e ao palco com terra, emite uma série de arrotos diante dos olhos dos espectadores, e manuseia um facão de açougueiro. É interessante o antagonismo entre presença cênica e ausência fictícia. É possível traçar um paralelo entre a efemeridade teatral e a da própria vida.

Entre os pontos positivos, estão o cenário árido de Cris de Lamare, em composição com o figurino encardido de Karina Sato, associado à iluminação sombria de Paulo César Medeiros, e a trilha sonora original de Beto Lemos. É um mérito a reunião de nomes que Vinícius une em sua ficha técnica. A montagem traz muito boas ideias, contudo, que ainda precisam ser trabalhadas, lapidadas e enxugadas – tanto no texto, na dramaturgia do movimento e na direção geral, mas principalmente na associação dos três. O que se vê é um borbulhar criativo, que precisa amadurecer para superar a cara de work in progress.

Por Leonardo Torres
Pós-graduado em Jornalismo Cultural e mestrando em Artes da Cena.

(Foto: Gabi Castro)

Ficha técnica
Criação e atuação: Vinícius Teixeira
Direção: Juliana Linhares
Dramaturgia construída em processo a partir de textos de Caio Riscado, Juliana Linhares, Tomás Braúne e Vinicius Teixeira.
Direção Musical e Trilha Sonora Original: Beto Lemos
Iluminação: Paulo César Medeiros
Cenário: Cris de Lamare
Adereços: Fabrika de Idéias
Figurino: Karina Sato
Dramaturgia do movimento: Natasha Jascalevich
Preparação corporal: Eduardo Rios e Natasha Jascalevich
Programação Visual: Isadora Melo
Montagem e Operação de Luz: Pablo Cardoso
Assistência de Produção e Operação de Som: Mayara Luana
Direção de Produção: George Luis
Produção Executiva e Assessoria de Imprensa: Amanda Barros

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SERVIÇO: sex a seg, 20h. R$ 30. 50 min. Classificação: 16 anos. Até 30 de outubro. Sede das Cias – Escadaria Selarón – Rua Manoel Carneiro, 12 – Lapa. Tel: 2137-1271.

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