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Leonardo Torres é jornalista cultural e mestre em Artes da Cena. Está de olho na cena teatral carioca desde 2014.

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Crítica: Danação

02/04/2018 Leonardo Torres Especial Festival de Curitiba

CURITIBA – O grande barato do Festival de Curitiba é que, além da mostra dita nobre, com espetáculos e companhias convidados pelos curadores do evento, há a Fringe – a mostra paralela que abriga todos os interessados. Em 2018, são mais de 372 espetáculos inscritos, com atrações de 14 estados e quatro países diferentes. É impossível ver tudo, obviamente, mas me atrevo a dizer que encontrei uma joia nesta programação: “Danação”, primeiro solo do ator Eduardo Moreira, do Grupo Galpão. Quem acompanha as passagens do grupo mineiro pelo Rio de Janeiro com certeza reconhece seu rosto de outros espetáculos, como “Nós” (2016), “De Tempos Somos – Um Sarau do Grupo Galpão” (2014) e “Os Gigantes da Montanha” (2013), só para dizer alguns dos mais recentes.

Em “Danação”, Eduardo dá vida ao belíssimo texto de Rayner de Paula, repleto de poesia. Pesquisando no Google, descobri que o espetáculo fez duas apresentações no Rio de Janeiro em 2017, como parte da Mostra Teatro em Movimento, no Oi Futuro Flamengo – algo que passou totalmente alheio a mim. Alguém viu? Foi uma passagem breve pela cidade, mesmo. Em Curitiba, a montagem integra a 5ª Mostra Ave Lola, no Ave Lola Espaço de Criação, um lugar também muito encantador e aconchegante.

Na peça, Rayner explora metáforas para falar sobre amor, morte e desamor. O protagonista é um homem que resgata a história de quando viveu dentro do coração de uma mulher. “Despencou” no coração dela, um dia qualquer. Ali, ele dividiu espaço com a filha dela, escondida para fugir da morte após o diagnóstico fatídico dado pelo médico. Eduardo, ótimo contador de história, interpreta o homem, a mulher, a filha, a morte, o médico e quem mais for necessário. Seu trabalho é envolvente e bonito de ver. O brilhante desempenho do ator, somado ao texto poético e surpreendente, conduz o público carinhosamente. Destaque para a cena da morte chegando à casa da mulher para buscar sua filha ou para o protagonista “sendo expulso” do coração, porque outro alguém passou a habitá-lo.

Confiando na qualidade do texto e no mérito do ator, a direção de Marcelo Castro e Mariana Maioline (ambos do Grupo Espanca!) deixa ao critério do espectador a visualização do interior desse coração ou de todos os outros ambientes. O que há de cenário são marcações de fita crepe no chão e a própria iluminação (assinada por Rodrigo Marçal), manuseada pelo ator em cena. É uma concepção interessante, também: o holofote como objeto cênico. Figurinos, idem, são muito simples e utilizados como adornos cenográficos.

É difícil transmitir a beleza de “Danação” em simples palavras em uma crítica singela como esta. Espero que o espetáculo volte para o Rio, com mais apresentações, e todos possam assisti-lo.

Por Leonardo Torres
Pós-graduado em Jornalismo Cultural e mestre em Artes da Cena.

Ficha Técnica
Autor: Raysner De Paula
Direção: Marcelo Castro, Mariana Maioline
Elenco: Eduardo Moreira
Iluminador: Rodrigo Marçal

*O crítico viajou a convite do Festival de Curitiba.

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